Guia de Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa

Foi no dia 5 de Junho (Dia Mundial do Ambiente) apresentado, na FNAC do Chiado (estando disponível nesta mesma cadeia de lojas), o Guia de Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa, no qual dei uma ajuda na identificação de várias espécies, sendo a minha primeira participação num livro.

Tal como a contracapa afirma, "este
guia propõe uma descoberta do património de parques e jardins de Lisboa, e uma viagem botânica a todos os continentes sem sair da cidade. São mais de 120 espécies de plantas referidas nos textos e assinaladas nos mapas dos parques e jardins, incluindo árvores que são autênticos monumentos vivos, para além de muitas curiosidades interessantes. Uma selecção de 51 parques e jardins, incluindo três jardins botânicos, acompanhados de mapas graficamente apelativos e fichas com informações úteis. Uma imensa colecção de cenários e paisagens, ambiências, recantos, vistas e formas para desfrutar. A história também está presente, a enquadrar cada parque e jardim, guardando ainda muitas histórias para contar. Mais de 300 fotografias estão reunidas nesta obra, ilustrando perspectivas, pormenores e ambientes. Foram também seleccionados seis geomonumentos da cidade. (...)".

Presentes

Deixo o meu agradecimento por todos os presentes que recebi. Um obrigado especial pelos presentes que "vegetam". Mal posso esperar pelas flores. Obrigado também pela companhia e por todas as outras surpresas!

Kalmia latifolia L.

Arbusto perene que cresce até aos 3-9m de altura. Folhas 3-12 cm de comprimento e 1-4 cm de largura. Flores em forma de estrela, de vermelho a branco passando por todos os tons de rosa e pontilhadas de rosa intenso, ocorrendo em grupos. Floresce entre Maio e Junho. Raizes fibrosas em emaranhados densos. Todas as partes da planta são venenosas.

Planta referenciada em 1624 e traziada da América do Norte para a Europa no séc. XVIII, pelas suas características ornamentais. Actualmente tem inumeras variedades desenvolvidas nos Estados Unidos por viveiristas com variação da intensidade dos ponteados até à formação de bandas; tonalidade rosa geral da flor e formas nanicantes do arbusto. Prefere solos levemente ácidos e luz filtrada por folhagem.

O nome do género foi dado por Lineu em honra do Professor Pehr Kalm que enviou exemplares a a este e observou esta espécie em vários estados americanos: Pensilvânia, Nova-Jersey e Nova-Iorque, aparecendo frequentemente nas encostas de colinas, por vezes em bosques. Afirmou que "floresciam mais nas vertentes norte das colinas, especialmente onde fossem intersectadas por ribeiros"; acrescenta que, "quando todas as outras árvores perderam os seus ornamentos estas espécies davam vida aos bosques pela verdura da sua folhagem e que por volta de Maio, estava coberta com uma profusão de flores de beleza sem rival."

descrições de Pehr Kalm traduzidas e adaptado de http://chestofbooks.com/

Kalmia latifolia L.
Evergreen shrub growing to 3-9 m tall. Leaves are 3-12 cm long and 1-4 cm wide. Flowers are star-shaped, ranging from red to pink to white and dotted in crimson pink, occurring in clusters . It blooms between May and June. Roots are fibrous, matted. All parts of the plant are poisonous.

Plant referenced in 1624 and brought to Europe from North America in the 18th century, for its ornamental features. There are numerous cultivars developed in the United States by nurserymans with variation of the intensity of the spots, forming bands; general pink tone of the flower and nana forms of the shrub. It prefers sligthly acidic soils and broken sunlight.

Genus name given by Linnaeus in honor of Professor Pehr Kalm who sended samples to him and observed this species in various provinces of the United States, as Pensylvania, New-Jersey, and New-York, growing most commonly on the sides of hills, sometimes in woods. He stated that "it flourished most on the northern sides of the hills, especially where they were intersected by rivulets"; he observes, that "when all the other trees had lost their ornaments, this enlivened the woods by the verdure of its foliage, and that about the month of May, it was covered with a profusion of blossoms of unrivalled beauty."

observations of Pehr Kalm transcripted and adaptation from http://chestofbooks.com/

Coincidências?

Ao completar o primeiro ano de visitas regulares a Monserrate, apercebi-me que assisti a um ciclo completo. Os Metrosideros robusta estão de novo a florir, apenas ligeiramente adiantados. Ao vê-los achei estar a assistir ao fim de um ciclo que se fechou.
Fui procurar fotos de Metrosideros robusta e tive que reescrever este post. Gosto particularmente de fazer montagens fotográficas dos antes e depois, e já reparei que quando tiro uma fotografia a uma planta procuro aquele que é o ângulo que transmite melhor o que quero mostrar. Frequentemente é apenas um. Por isso já aconteceu ter disparado uma foto ao passar por um Dicksonia squarosa numa das minhas primeiras visitas ainda sem saber o que via. Quando fui propositadamente à sua procura meses mais tarde, tirei uma foto desse mesmo exemplar, pensando que era a primeira vez que o via. De facto era a primeira vez que o via sabendo o que estava a ver. Quando assim é, a minha memória não esquece o que vê. Depois de uma observação cuidada e de dar uma volta completa ao exemplar escolhi exactamente o mesmo ângulo da foto meses antes, como viria a descobrir mais tarde quando andei a escolher fotos desta espécie. Não fiquei espantado por ter repetido acidentamente uma foto de um ângulo semelhante. A foto da esquerda foi tirada a 3Mp e a da direita a 5Mp. Fotos tiradas à tarde, com o mesmo enquadramento de forma não intencional enquanto passeava algures no relvado principal, com a mesma luz, no mesmo dia do ano só que com 365 dias de intervalo entre si. As semelhanças são notáveis.

Entre uma e outra, vi algumas florações que não acontecem todos os anos como as dos Doryanthes palmeri. Outras como as das Furcraea parmentieri são literalmente terminais, tanto no sentido de ocorrerem no terminus (no ápice em vez de ser nas axilas) como no sentido de após esta floração o exemplar morre, produzindo sementes e possivelmente afilhando na base, gerando novos indivíduos ou clones, respectivamente. Assim há manutenção da espécie. Mas só ao chegarem a um ano meteorologicamente apto decidem, como em secreto acordo, iniciar o irreversível processo de floração.

Outras como o elusivo e surpreendente Asplenium hemionotis, espécie autóctone a que ouvi chamar asplenio-de-folha-de-hera tantas vezes, foi-me mostrado por um novo amigo. Num sítio em que passei muitas vezes ao lado e que nunca tinha ido, e logo uma colónia inteira desta espécie tão rara.

As coincidências muito raramente o são. A coincidência do meu aniversário com o primeiro ano de visitas regulares é consequência de escolher ir para lá nesse dia do ano. Talvez o facto, de neste dia ter encontrado sozinho uma espécie cujo nome nunca tinha lido nas antigas listas de espécies; que nunca tinha ouvido falar; que nunca tinha visto, não o seja também. Certamente não fui o primeiro a vê-la florir sobre aquele caminho centenário. Mas foi como um grande segredo que ainda ninguém me tinha contado. Será coincidência, no dia em que me ocorreu já ter visto tudo, ver algo completamente inesperado num sítio onde tinha passado inúmeras vezes? Um arbusto velho e nobre que ainda nem tinha merecido uma etiqueta entre as dezenas de milhares já colocadas. Uma Kalmia latifolia!

Agora sei que nunca irei ver todas as espécies que lá existem. Sei também que sempre que voltar haverá algo que já lá estava e nunca tinha visto. Gosto de estar por lá, em Monserrate, e pode ser apenas uma coincidência ter descoberto a Kalmia latifolia hoje mas pareceu-me que Monserrate gosta de me ter por lá, também.

Rosa chinensis "Viridiflora"

La Rose Vert. Descoberta na China por altura de 1833. A roseira que mais floresce entre todas, tem uma flor composta por brácteas castanhas e verdes todas emaranhadas! Uma curiosidade que tem lugar nos locais excêntricos do jardim e na composição de ramos.

in Rosas Antigas e Silvestres de Eléonore Cruse.

Três exemplares foram colocados em Maio de 2009 em Monserrate, no Antigo Roseiral pela Associação dos Amigos de Monserrate.
Provenientes dos viveiros de Peter Beales: http://www.classicroses.co.uk/

Rosa chinensis "Viridiflora"
La Rose Vert. Discovered in China around 1833. The shrub rose that flowers the most among every other, it has a flower made of brown and green bracteas all tied up. A curiosity that has place in the most excentric spots of the garden and in flower arrangements.

translated from Rosas Antigas e Silvestres by Eléonore Cruse

Three specimens were placed in May 2009 at Monserrate, in the Antigo Roseiral by the Friends of Monserrate Association.
Provinance from Peter Beales nurserys: http://www.classicroses.co.uk/


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